sábado, 20 de janeiro de 2007

As Seis Portas da Ação (Paramitas)

Thich Nhat Hanh
Opening the Heart of the Cosmos - Parte IV Opening The Doors Of Action, Cap. 29 "The Six Paramitas"
(Tradução: Samuel Cavalcante)

Em um dos cantos recitados pelos monges e monjas durante os rituais da manhã, existe a expressão "abrindo as portas da ação". Isto se refere a entrar na dimensão da ação através da prática das seis Paramitas (1). As seis Paramitas são chamadas de portas para a ação porque são a base do caminho do bodhisattva. Não é apenas Sadaribhuta, Avalokiteshvara, Samantabhadra e outros grandes bodhisattvas que encontramos na páginas do Sutra do Lótus, mas sou eu, é você e cada um que pode ser um discípulo e amigo de Buda e servir como bodhisattva para ajudar a trazer paz, alegria e estabilidade ao mundo.

O termo sânscrito "paramita" é usualmente traduzido em inglês ( e em português, por extensão NT) por "perfection" (perfeição, NT), mas na literatura Budista Chinesa é transcrito como um ideograma que se traduz literalmente por "atravessando para a outra margem". As seis Paramitas são meios muito concretos para cruzarmos o mar de sofrimento rumo à margem da liberdade do apego, raiva, inveja, desespero e ilusão. Através do cultivo e do aperfeiçoamento destas seis maneiras de ser, podemos atingir a outra margem rapidamente - poderá levar apenas alguns segundos para cruzar o mar de sofrimento e chegar na margem do bem estar. Nós poderíamos pensar que levaria muitos anos de prática para se tornar livre das aflições, mas se soubermos como cultivar e manifestar estas seis qualidades, poderemos cruzar esse mar aqui e agora.

A primeira Paramita, a primeira porta da ação é Dana , doação e generosidade. A segunda porta da ação é Shila , os preceitos, os treinamentos da plena consciência, as linhas gerais do comportamento ético. A terceira porta é Kshanti, inclusividade que a tudo abraça. A quarta porta da ação é Virya, diligência, energia, esforço e firmeza na prática. A quinta é Dhyana, meditação, a prática de parar, acalmar-se e olhar profundamente. E a sexta é Prajña, sabedoria e compreensão.

Nós já vimos essas qualidades manifestadas nos bodhisattvas do Sutra do Lótus. O Bodhisattva-Que-Nunca-Despreza e Purna exemplificam a perfeição da inclusividade, Manjushri é um exemplo da completa realização da grande sabedoria. O voto do Bodhisattva Tesouro-da-Terra (Kshitgarbha) de não descansar até que todos os seres sejam libertados dos infernos do sofrimento é um exemplo da perfeição da diligência.

Todos os grandes bodhisattvas manifestam as qualidades das seis Paramitas de várias maneiras, e cada uma dessas portas da ação existem em interdependência umas das outras. Em qualquer uma das seis qualidades você poderá ver as outras cinco. Esta é a postura que sempre devemos tomar quando estudamos e praticamos o Budismo, porque o principal fundamento da sabedoria Budista é o interser - o um contém o todo.

É muito importante que entendamos a natureza de interser das seis Paramitas. Pela prática de Shila, os treinamentos da plena consciência, você também pratica a doação. Quando você sabe como viver com plena consciência, você está oferecendo algo muito significativo para o mundo. A prática da inclusividade também é a prática da doação. Quando você aceita completamente as pessoas, abraça-as e toma conta delas, é um grande presente. Pela prática da aceitação e do cuidado com os outros você ajuda a trazer mais paz e estabilidade para a sua família e para a sua comunidade. As práticas da diligência e da meditação também trazem muita alegria, estabilidade, transformação e cura não somente para si mesmo mas, também, para todos à sua volta. E a prática de Prajña, oferece o tipo de entendimento e sabedoria que nos ajuda a todos a cruzar o rio do sofrimento para a margem da libertação.

As seis paramitas são uma prática essencial do caminho do bodhisattva. Para nos manifestarmos na dimensão da ação e servir mais efetivamente como os braços e mãos dos Budas e bodhisattvas no mundo, praticamos e aperfeiçoamos estas seis qualidades em nós mesmos. No momento em que virmos a presença de todas as Paramitas em cada Paramita começaremos a compreender e viver verdadeiramente a prática.
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